Ibovespa recua com Petrobras e Itaú entre maiores pressões e medidas fiscais no radar
Por Paula Arend Laier
SÃO PAULO (Reuters) - O Ibovespa recuava nesta segunda-feira, trabalhando abaixo dos 135 mil pontos, com as blue chips Petrobras e Itaú entre as maiores pressões negativas, enquanto agentes também repercutem notícias sobre medidas para mudanças no decreto que aumentou o Imposto sobre Operações Financeiras (IOF).
Por volta de 11h15, o Ibovespa, referência do mercado acionário brasileiro, caía 1,27%, a 134.372,33 pontos. O volume financeiro somava R$4,85 bilhões.
No domingo, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, disse que chegou a um acordo com líderes do Congresso para recalibrar o decreto do IOF e mencionou a taxação de títulos isentos e taxas maiores sobre apostas esportivas, além de aproximação das alíquotas da CSLL paga por instituições financeiras.
O pacote será apresentado após o retorno do presidente Luiz Inácio Lula da Silva ao Brasil, o que está previsto para a terça-feira. Haddad não apresentou os potenciais impactos fiscais das iniciativas.
Fontes com conhecimento do assunto afirmaram a Reuters que o governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva também vai propor uma alíquota unificada de 17,5% de Imposto de Renda sobre rendimentos de aplicações financeiras que hoje têm cobrança escalonada de 15% a 22,5% a depender do prazo do resgate.
"O novo pacote fiscal também se concentra fortemente em aumentar impostos e receita, em vez de cortar e controlar o aumento de gastos, e não contém elementos fiscais estruturais relevantes", destacou Alberto Ramos, diretor de pesquisa macroeconômica para a América Latina do Goldman Sachs.
"É improvável que o novo pacote de aumentos, na forma como foi anunciado, impressione o mercado, visto que não aborda as principais vulnerabilidades fiscais e a necessidade de conter e cortar gastos", acrescentou, afirmando esperar que o pacote tributário proposto seja diluído no Congresso Nacional.
De acordo com análise gráfica da equipe da Ágora Investimentos, em relatório enviado a clientes nesta segunda-feira, o Ibovespa encerrou a semana ada sugerindo manutenção do viés de baixa em direção à região de e dos 135 mil pontos, permanecendo em estrutura neutra no curto prazo.
DESTAQUES
- PETROBRAS PN recuava 2,16%, tendo como pano de fundo notícia de que a estatal foi citada em ação movida pela empresa de sondas Sete Brasil, que atribui R$36 bilhões à causa. A Petrobras disse que as alegações são "improcedentes" e que não reconhece qualquer responsabilidade pelos prejuízos alegados. Analistas do Santander também cortaram a recomendação dos papéis da estatal para "neutra", citando uma situação financeira difícil em 2025 e 2026, que pode se agravar ainda mais se os preços do petróleo recuarem nos próximos trimestres.
- ITAÚ UNIBANCO PN caía 1,69% e BRADESCO PN perdia 2,01%, após o ministro da Fazenda, Fernando Haddad anunciar maior cobrança de Contribuição Social sobre o Lucro Líquido (CSLL) sobre instituições financeiras. "Vai haver (também) uma aproximação das alíquotas dos bancos. Hoje as instituições financeiras pagam três alíquotas - 9%, 15% e 20%, a de 9% não existirá mais", afirmou. BANCO DO BRASIL ON cedia 0,92%, SANTANDER BRASIL UNIT recuava 0,7% e BTG PACTUAL UNIT caía 1,1%.
- RAÍZEN ON era negociada em baixa de 4,04%. Relatório do UBS BB cortou a recomendação das ações para neutra e o preço-alvo de R$3,90 para R$2,30, com os analistas estimando que a reestruturação que a empresa está realizando levará mais tempo para se materializar em retorno aos acionistas. Analistas do Citi também cortaram o preço-alvo das ações, de R$3 para R$2,50, conforme reduziram estimativas para a companhia, refletindo principalmente a menor moagem de cana-de-açúcar e a previsão de menor preço do açúcar.
- RD SAÚDE ON mostrava declínio de 3,5%, após três altas seguidas, período em que somou um ganho de quase 7%, depois de ter fechado no dia 3 de junho em uma mínima desde julho de 2019. A ação segue pressionada pela percepção de um impulso fraco de resultados em razão do reajuste anual dos preços de medicamentos abaixo da inflação, perdas relacionadas a drogas como Ozempic e investimento em precificação para fortalecer posicionamento competitivo, entre outras razões.
- GERDAU PN avançava 4,79%. Relatório de analistas do UBS BB elevou a recomendação das ações para "compra". Os analistas citaram o aumento das tarifas de importação de aço pelos Estados Unidos de 25% para 50% como um divisor de águas para a tese de investimento na companhia. O preço-alvo das ações subiu a R$22, de R$17 antes, um "upside" potencial de quase 32% em relação à cotação de fechamento da sexta-feira.
- VALE ON cedia 0,09%, acompanhando a fraqueza dos futuros do minério de ferro na China, onde o contrato mais negociado na bolsa de Dalian encerrou as negociações diurnas em queda de 0,71%, a 703 iuans (US$97,83) a tonelada. Dados também mostraram neste começo de semana que as importações de minério de ferro pela China em maio caíram 4,9% em relação a abril, para 98,13 milhões de toneladas, abaixo das expectativas dos analistas de mais de 100 milhões de toneladas.