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Onda de calor recorde na Groenlândia fez gelo derreter 17 vezes mais rápido em maio

11/06/2025 12h41

O gelo derreteu 17 vezes mais rápido que a média histórica entre 15 e 21 de maio na Groenlândia, consequência de uma onda de calor recorde que também afetou a Islândia, advertiu a rede científica World Weather Attribution (WWA), nesta quarta-feira (11).

Os dados de 2025 foram comparados com a média de degelo durante o período entre 1980 e 2010, segundo a WWA.

"A contribuição do degelo da Groenlândia para o aumento do nível do mar é maior do que teria sido sem essa onda de calor", destacou Friederike Otto, professora de Ciências do Clima no Imperial College de Londres.

Na Islândia, a temperatura ultraou 26?°C em 15 de maio, algo que nunca havia sido registrado nessa ilha próxima do Ártico. "As temperaturas observadas na Islândia em maio bateram todos os recordes, superando em mais de 13?°C a média das temperaturas máximas diárias de maio para o período de 1991-2020", destacou a WWA em um comunicado.

No mês de maio, 94% das estações de medição registraram novos recordes de temperatura, segundo o instituto meteorológico local.

Nos últimos anos, ambos os territórios registraram ondas de calor mais significativas, mas essas ocorreram mais tarde no ano, no final de julho e início de agosto de 2008, assim como em agosto de 2004.

Mudanças climáticas impactam o degelo

"Sem as mudanças climáticas, [a onda de calor de maio] teria sido impossível", afirmou Otto.

No leste da Groenlândia, o dia mais quente registrou um aumento da temperatura de 3,9?°C em comparação com a média do período pré-industrial, indicou a WWA.

"Uma onda de calor de cerca de 20?°C não parece um evento extremo para a maioria das pessoas, mas é um problema realmente importante para esta região (...) e isto afeta em grande medida o mundo todo", insistiu Otto.

O Ártico aquece quatro vezes mais rápido do que o restante do mundo, segundo a revista científica Nature. A ONU também alerta para o derretimento das geleiras em relatório em março deste ano.

Infraestruturas danificadas e entorno natural afetado

Mundialmente, em relação à referência pré-industrial, se o aumento da temperatura "atingir 2,6?°C, o que é esperado até 2100, a menos que os países abandonem rapidamente o petróleo, o gás e o carvão, ondas de calor semelhantes provavelmente aumentarão sua intensidade em mais 2?°C" na Groenlândia e na Islândia, alertou a WWA.

Para as comunidades indígenas da Groenlândia, o aumento das temperaturas e o degelo representam uma mudança nas condições tradicionais de caça e afetam as infraestruturas.

"Na Groenlândia e na Islândia, as infraestruturas são projetadas para resistir ao frio, o que significa que, quando faz calor, o degelo pode provocar inundações e danificar estradas e infraestruturas", apontou a rede científica.

Na Groenlândia, o calor somado às fortes chuvas pode afetar o entorno natural.

Em 2022, essa combinação causou o degelo do permafrost, a camada de solo permanentemente congelada nas regiões polares, liberando ferro e outros metais em muitos lagos do Ártico, observou.

As preocupações não se limitam ao meio ambiente, mas também afetam a saúde e a higiene, já que as casas rurais da Groenlândia geralmente não têm encanamento.

(com AFP)

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